A presente publicação tem por base um conjunto de reflexões sobre os temas Desenvolvimento Local, Ruralidade e Regionalização que o autor fez ao longo dos últimos quinze anos e que, na oportunidade, constituíram editoriais de Boletins da Associação Aliende, da Revista Vez e Voz editada pela ANIMAR, artigos de opinião na comunicação social (Imenso Sul), conferências realizadas por convite e alguns textos elaborados no contexto de candidaturas e projectos. Após leitura atenta e crítica dos textos então escritos acerca dos referidos temas pode dizer-se que os conteúdos desses textos apresentam não só um forte traço de união (aprofundamento da democracia, igualdade de oportunidades, promoção do desenvolvimento local) entre si como ainda continuam bastante actuais. Por outro lado, face ao aprofundamento da crise que se vive na Região Alentejo, pareceu oportuno colocar estas reflexões à discussão de todos aqueles que se interessam pelas problemáticas do Desenvolvimento Local. Se esses escritos conseguirem provocar alguma discussão à volta das problemáticas do Desenvolvimento Local, Ruralidade e Regionalização, então valeu a pena fazer esta pequena publicação. O livro está organizado em três capítulos. No primeiro são apresentados os escritos relacionados com a problemática do Desenvolvimento Local; no segundo são apresentados alguns textos que tratam o fenómeno da Ruralidade e da Agricultura Familiar; e, por último, o terceiro capítulo, apresenta textos relativos à questão da Regionalização. É, no entanto, relevante referir que os textos apresentados em qualquer um dos capítulos estão directa ou indirectamente relacionados com as problemáticas inerentes ao processo e estratégias de Desenvolvimento promovidas ao nível de territórios locais que, como o leitor poderá constatar, constitui uma das mais fortes preocupações e interesses do autor tanto em termos científicos e profissionais como em termos de cidadania. A realidade que se vive nos territórios locais de baixa densidade, em geral, e da Região Alentejo, em particular, aponta para a necessidade imperiosa de promover estratégias de Desenvolvimento Local assente no pressuposto de que para haver Desenvolvimento é necessária uma profunda mobilização das comunidades locais para tomar em suas mãos o planeamento e implementação das acções, de forma integrada e amplamente participada, preservando a sua cultura e relacionamento com o território como forma identificadora e criadora de civilização em que a ruralidade deve ser assumida como um valor em si própria. A ruralidade é uma opção de civilização porque o território não condiciona em absoluto o bem-estar nem as expectativas de desenvolvimento dos seres humanos. São as relações entre os seres humanos e entre estes e o território que condicionam o processo de Desenvolvimento de qualquer LOCAL. De facto, qualquer processo de Desenvolvimento Local deve ser dirigido e implementado pelos próprios residentes para que possam reedificar, de forma inovadora e criativa, o território em que vivem sem, contudo, deixar apagar as características de identificação e coesão em relação ao seu território, cultura e forma de viver.